A evolução das relações familiares, o seu filho e você

Como já falei algumas vezes, foco meu trabalho no estudo constante das relações familiares e do Direito das Famílias.

Tenho como propósito, quer através da advocacia, quer através do trabalho que desenvolvo focado no replanejamento das relações familiares, auxiliar pessoas a resolverem seus conflitos, judiciais ou não, de uma maneira mais humana.

Diante disso, sempre procuro instigar aqueles que têm filhos na seguinte reflexão:

Como você se posiciona na vida do seu filho e como você deixa o seu filho se posicionar na sua vida?

No passado, essa reflexão não fazia o menor sentido.

Antigamente existia um distanciamento muito grande entre os pais e filhos. O que predominava na sociedade era o poder patriarcal, mantendo-se nas relações familiares o respeito ao pai como autoridade máxima no seio da família. 

Com o passar dos anos, com as mulheres contribuindo financeiramente para o sustento familiar, pais e mães passaram a ter a mesma posição hierárquica dentro da família.

Nesse cenário, filhos automaticamente ocupavam posição de obediência nas relações familiares em detrimento de seus pais, não existindo intimidade, afeto, nem tampouco afinidade nesses relacionamentos.

Com a evolução da sociedade e com a mudança de paradigma com relação aos direitos das crianças e dos adolescentes, de fato o distanciamento entre pais e filhos diminuiu. Porém, ainda hoje vemos uma grande quantidade de famílias onde de forma mais ou menos intensa prevalece hierarquia e se estabelece o distanciamento.

E é por isso que hoje faz sentido essa reflexão.

Você pode optar em seguir a linha de antigamente, estabelecendo um relacionamento distante com o seu filho.

Mas você pode escolher fazer diferente, como foi o meu caso.

No meu relacionamento com as minhas filhas, fiz com que o distanciamento entre nós fosse inexistente. Dei total acesso a elas e tornei realidade o diálogo diário, constante e ininterrupto entre nós.

Automaticamente criei um ambiente colaborativo.

Quando isso acontece, falando especificamente do relacionamento entre pais e filhos, você torna seu filho parte da sua vida e você passa a fazer parte da vida do seu filho. Cria-se uma relação de pertencimento mútuo, aumentando de imediato a cumplicidade e intimidade entre vocês.

Deixa de existir distanciamento, falta de liberdade de expressão, passando todos a ter direito a fala, em qualquer situação.

A família, independente da sua formação, consegue, lado a lado e sempre se completando, enfrentar qualquer desafio ou obstáculo, de forma mais leve, de forma mais fácil, de forma mais humana.

E porque eu como advogado me preocupo com isso?

Para mim, quanto mais próxima a relação entre pais e seus filhos, quanto maior intimidade existir nesses relacionamentos, menores são as chances de termos os direitos das crianças e dos adolescentes sendo deixado de lado no caso do fim da união conjugal de seus pais, que sempre ignoram a relação parental existente e, de forma pouco racional, focam todas as suas energias em vencer uma disputa judicial que insistem em sempre estabelecer.

Como será a forma de você se relacionar com o seu filho, cabe a você escolher.

Beto Mancusi

 

 

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Beto Mancusi